Há três meses, foi dia das mães e hoje um dia após o dia dos pais dentro do onibus de manhã viajando me lembrei de como foi o dia 10 de maio, um dia que tomei como referência em minha vida. Naquela manhã de domingo não consegui me levantar tão cedo quanto pretendia, pelos meus cálculos optei em pegar o Teixeira de 10h direto, minhas malas já estavam prontas, tudo arrumadinho, era para eu ter ido no sábado. Mas o dia 09 de maio pareceu um pesadelo, quanto chorei naquele dia. E foi aos prantos que liguei para minha mãe e disse que não conseguiria seguir viagem. A madrugada foi longa e chorei tanto que na manhã de domingo, estava com os olhos estufados enxutos , ressecados eu diria. Segui a pé para rodoviária, antes de sair de casa dei mais uma olhadinha para minha gérbera que estava na sacada, no sábado eu havia comprado um "adubo" para ela, a cada dia ela murchava mais, parece estranho ou até mesmo coincidência, foi a última vez que a vi viva, o dia que voltei só havia fio seco sobre a terra. Não havia se quer mais nem uma lágrima para descer naquela manhã, vontade não faltava. Dizer que parecia ter sido atropelada é pouco. Desci as escadas da rodoviária, entreguei a mala ao cobrador e quando me virei de longe avistei aquele andado, o cabelo castanho curtinho e o sorriso que não estava grande, mas estava aparecendo aos pouquinhos. Quantos anos se passaram? Só que eu não revia aquele rosto uns dois e que tudo havia acontecido mais de três ou quatro. Aquele "Oi Ana", entrou nos meus ouvidos e parecia percorrer a alma toda. Abraçar ou não? Dizer o que? "Oi. Tudo bem e você? Que bom que você apareceu!" melhor apenas "Oi, beleza?". E imediatamente entrei no ônibus, minha poltrona era na janela, ele entrou e se sentou ao meu lado. Senti apenas um frio na espinha. Não havia como o assunto não fluir naturalmente sempre foi assim. Mas com certeza eu poderia aproveitar aquele encontro para desabafar tudo que estava passando, para pedir opinião ou qualquer coisa. Ali estava a minha frente ou melhor ao meu lado a prova de que tudo na vida tem uma segunda chance. Como eu sempre reclamei o quanto ele me fez sofrer e ali naquele momento eu vi tudo de forma diferente e descobri que o silêncio dele me pertubava, mas era exatamente uma forma de me proteger, de não me magoar. Mas espera, não era assim que eu queria que fosse nosso reencontro. Quando parti e decidi me afastar tinha certeza que um dia nos reencontrarimos no auge do sucesso de nossas vidas, dos dois. Mas anos às vezes passam em uma velocidade que desconhecemos e se não ficamos espertos perdemos a hora. Meu Deus! Foi só me afastar dele que me esqueci de tudo de ruim que eu julgava passar naquela época, mas aos poucos me esqueci do lado bom também. A gente disputava tudo, quem ia ter sucesso profissional e quem ia se dar melhor na vida. E foi aí que eu gritei dentro de mim: "Pára tudo!" Não quero que um dia com o qual eu sonhei tantas vezes ocorra assim. Outra coisa: Onde estariam meu orgulho? Cadê a Ana "topetuda" que não abaixava a cabeça? Como diria a ele sobre meu caso com o fracasso? Foi nisso que desci em Divinópolis pensando. Afinal, não era ele o cara branquinho de cabelo castanho que avistei na rodoviária, por sorte não era. Mas poderia ter sido e foi pensando assim que passei a traçar minha vida. E todas às vezes que penso em temer o novo desafio é nisso tudo que penso. E de tanto me lembrar e fixar meu pensamento nisso, é que HOJE entrei sorrindo na sala com minha papelada toda e entreguei a moça que fez meu protocolo, com a certeza de que talvez esse encontro nunca aconteça, mas que se caso ocorrer estarei cada vez mais preparada para o tal momento.
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