domingo, 4 de abril de 2010

Porta retrato

A imagem dele na parede era real, fogo enorme de paixão. Com o tempo aquela foto passou a ser esperança do que um dia ele fora, saudade que esquentava a vontade de recomeçar. Mais um pouco e aquele retrato se tornou desilusão, dúvida cruel de um tempo em vão. A cada dia que passava aquele rosto estampado na parede ali se tornava lágrimas de solidão, misturado a tantas recordações. E aquela imagem no tempo certo virou um imenso vazio, algo desenecessário, sendo dali retirado. A parede ficou grande, e com o proximo aniversário vieram flores e coloriram aquele enorme espaço em branco. Quanto ao antigo retrato não foi destruído apenas abandonado em meio aos entulhos do porão, roido pelos carunchos. Um dia aquele rosto já esbranquiçado foi observado por um dos habitantes da casa que nunca nem mesmo o vira um dia e não reconhecido por quem um dia ele foi encantador e assim sendo terminou como cinzas de uma enorme fogueira de São João feita no quintal...

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