segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Porta


No 15º andar de um prédio morava uma criança. Ela não tinha uma vida normal, vivia em um quartinho, não se alimentava direito e já não crescia mais, seus pais resolveram deixa-la lá porque sentiram que ela não conseguia viver normalmente como as outras crianças. E assim decidiram "isola-la".

Essa criança era um pequeno menino, que dormia o dia todo, desde quando foi condenado a ficar ali. Havia uma grande janela no quarto, através dela entrava luz até onde estava o pequenino a dormir, entrava ar também, ela ficava sempre aberta. Mas ele não se contentava com a janela. Pedia sempre que a porta do quarto fosse mantida aberta.

Às vezes ventava muito e mesmo com um peso escorando a porta acabava se fechando. Sempre que isso acontecia, o pequeno barulho que a porta fazia, já era o suficiente para o pequenino acordar, ele despertava e já gritava assustado, chorava desesperado. Era quando alguém aparecia, era o pai ou a mãe, sempre havia alguém que de sopetão abria a porta e garantia que ela não se fecharia mais. Era sempre uma voz bonita, uma voz alegre, uma voz de carinho, às vezes de homem e às vezes de mulher, o fato é que sempre um dos dois abria a porta e dizia: "Amor, não se preocupe, a porta está aberta". Às vezes o menino dizia que queria dar uma volta, mas os pais não tinham coragem de tira-lo de lá e por isso sempre diziam: "Amor, não fique triste, você vai sair daí um dia e vai conseguir voltar a viver como antes!"

O menino não entendia porque ele devia ficar ali, por que viver, se já não era nem mais ser visto pelos amigos, pelo resto da família e pelas pessoas do mundo. Mas calmamente ele voltava a dormir. E o tempo passou, e a história continuava a mesma. Até que chegaram tempos de muito vento e a porta começou a bater com mais frequência, acho que os pais haviam perdido o peso que a escorava. Ao invés de arrumarem outra escora e colocar no lugar, eles começaram a brigar: ele dizia que ela que havia perdido e ela o culpava. Eles não percebiam que a cada vez que a porta batia a maçaneta soltava um pouco mais. O fato é que o menino sempre chorava e os pais sempre abriam e o processo era o mesmo.

Até que um dia sem muito vento sem muito esforço a porta se fechou e a maçaneta caiu dos dois lados. A mãe havia ido ao mercado, o menino estava sozinho em casa. Já que o pai havia partido e disse que estava cansado dela e do seu "Amor", mas ele se arrependera decidiu voltar e recomeçar a vida, procurar um tratamento para o filho e tira-lo do quarto, voltou e entrou em casa no mesmo instante em que o menino estava aos gritos no quarto. Ele correu para abrir a porta, mas não conseguiu devido a falta da maçaneta, o menino gritava muito e ele dizia que já ia abrir. Mas devido ao tanto que chorava, o menino não ouvia.

Foi quando se fez o silêncio dentro do quarto e então o pai arrombou a porta, mas a criança não estava mais lá. Com a pouca força que tinha ainda, o menino havia pegado impulso por cima da cama e pulou a janela. No quartinho já não restava nenhum barulho, estava tudo arrumado, apenas o enfeite da porta que estava no chão quebrado. Era um coração de madeira escrito: Com Amor... Amor, o nome que inexplicavelmente os pais haviam dado a criança quando ela nasceu, quando eles prometeram que ela seria feliz e viveria muito. Triste pela situação o pai esperou por muito tempo, mas parece que a mãe já havia previsto o que ia acontecer, porque daquela pequena ida ao mercado, ela nunca mais voltou...

4 comentários:

Rafael Soal disse...

que horrrrrrrrrrrrrorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Isabela Machado disse...

Ai... chorei! Chorei muito! Meu amor quer pular a janela!

Unknown disse...

buaaaaaaaaa

Isabela Machado disse...

Ana lu, vamos pro Chile! Vamos vamos vamos!!!